Numa das noites mais frias do ano em São Paulo (SP), com os termômetros marcando 10º C, cerca de 100 pessoas se reúnem para ouvir e declamar poemas e contos em um bar do bairro Piraporinha, extremo Sul da cidade. É o sarau da Cooperifa, a Cooperativa de Cultura da Periferia, que acontece todas as quartas-feiras no bar do Zé Batidão, mecenas do evento. "Zero grau na rua, quarenta graus no coração", define o poeta Sérgio Vaz, idealizador e coordenador da Cooperifa.
Dezenas de pessoas declamam textos seus ou de autores como Carlos Drummond de Andrade, Adoniran Barbosa e Dominguinhos. Todos os participantes são da periferia ou ligados a ela. "Aqui a temática é social", explica o poeta Sérgio. Alguns também falam de amor, de fantasias, mas sempre do ponto de vista do artista marginal. É o que une os "artistas-cidadãos", conceito difundido e internalizado na Cooperifa. "O artista não pode estar a serviço da vaidade, tem que contribuir com a comunidade, como faz o Ferréz, os Racionais MCs, o grupo de teatro Manicômios e outros", acredita.
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